A esposa do
alpinista paraibano Josenildo Correia da Silva, que desapareceu desde a última
quarta-feira (6), no monte Aconcágua, disse neste domingo (10) que concluir a
expedição e chegar ao cume do monte era o grande sonho do seu marido.
“Era
o sonho dele, sempre que ele ia e voltava, ele dizia que não ia mais, mas
passava algum tempo e ele já começava a falar em ir de novo”, disse Alessandra
Pereira, esposa de Josenildo. Segundo Alessandra, era a quarta grande escalada
que o esposo fazia, e sua terceira ida ao monte Aconcágua.
“Ele
sempre ia na meia temporada, porque em alta temporada é mais caro e as
condições não davam, e nesse período o frio é maior, das outras vezes ele teve
que desistir antes de concluir a escalada por causa do frio, mas agora ele
queria alcançar o cume”, falou.
Josenildo e
Alessandra são do município deGuarabira, que fica no Brejo paraibano, a 104 km da capital João Pessoa, eles são casados há 15 anos e
têm uma filha, ele trabalha como funcionário de uma distribuidora de bebidas e
ainda tem outros dois filhos do seu primeiro casamento. De acordo com
Alessandra, o marido é apaixonado pelo alpinismo.
“Ele
começou a fazer escaladas há dez anos na Pedra da Boca, em Araruna e
sonhava em fazer no gelo, ele começou a ler livros e ver reportagens sobre o
assunto e se comunicar com outras pessoas pela internet, todas as viagens que
ele fez ele arrumava tudo pela internet, conhecia as pessoas e acertava”,
disse.
Josenildo
estava em um grupo formado por cinco pessoas, sendo três de Limeira, em São Paulo, ele e um mineiro. Conforme o
empresário paulista Paulo Cesar Bussamara, que fazia parte do grupo, as
condições climáticas no monte estavam difíceis e a equipe foi se desfazendo aos
poucos. Bussamara foi o primeiro a desistir, no dia 28 de fevereiro.
“Não
pude continuar, tive uma infecção dias antes da viagem e comecei a não me
sentir bem durante a expedição”, afirmou. O último do grupo a ver Josenildo foi
Ademir Silva, também deLimeira.
O objetivo da
expedição, conta o empresário, era chegar ao cume do monte Aconcágua, que tem
quase 7 mil metros de altitude.
“O
Josenildo estava muito obstinado em chegar ao topo. Ele disse que desta vez não
tinha ido ao Aconcágua por brincadeira”, afirmou Bussamara.
Alessandra
Pereira disse que foi informada do desparecimento do esposo por meio de um
amigo dele e do Itamaraty, ela relatou que tem vivido dias muito difíceis e que
tem contado com o apoio de toda a família dela e da família do marido.
“Eu
estou muito apreensiva, muito mal, eu quero saber notícias dele e não tenho”.
Segundo
o Palácio do Itamaraty, o consulado brasileiro em Mendoza está em contato com a
equipe de buscas e que está dando todo o auxílio necessário para os outros
brasileiros que acompanham o trabalho de resgate.
O
Aconcágua é o ponto mais alto das Américas. O pico fica localizado nos Andes
argentinos, a cerca de 110
quilômetros de Mendoza. A montanha representa um desafio
para os alpinistas, que têm de enfrentar o frio e a escassez de oxigênio, comum
em grandes altitudes, para tentar atingir o seu pico.