A previsão para os três primeiros meses deste ano é de chuva dentro da normalidade nas regiões do Sertão e Cariri da Paraíba. Um prognóstico semelhante a este, divulgado em dezembro pela Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), foi anunciado pelos “profetas da chuva”, observadores das variações climáticas que atuam nas comunidades.
A previsão da Agência Estadual foi divulgada durante a II Reunião de Análise e Previsão Climática, evento que aconteceu em Campina Grande com meteorologistas de todo o Nordeste. Já a décima oitava edição do Encontro Profetas da Chuva aconteceu, nesse fim de semana, em Quixadá (CE) com a participação de 32 profetas. A divulgação foi acompanhada por agricultores, produtores familiares, empresários rurais e meteorologistas.
Tomando como base a observação de plantas, insetos, ventos e nuvens, os profetas anunciaram chuvas dentro da média no Nordeste. “Vamos ter um bom inverno. Recomendo aos agricultores plantarem nas primeiras chuvas”, informou a profetisa dona Lurdinha. “Teremos inverno dentro da média histórica”, concordou Meyrismar Dias.
Ao saber que a previsão popular foi semelhante a feita pelo Governo do Estado, a meteorologista da Aesa, Marle Bandeira, disse que respeita a previsão dos profetas, mas destacou a importância da pesquisa científica. “A meteorologia explica a dinâmica da atmosfera por meio da utilização de dados, equipamentos, modelos, equações dentre outras ferramentas. Por outro lado, não podemos desconsiderar o valor do conhecimento popular. Alguns podem ser apenas crendices que vêm sendo propagadas por gerações, mas outros podem ser comprovados cientificamente”, observou.
Alguns meteorologistas consideram que este tipo de observação baseada no comportamento de plantas e animais é válido para uma previsão a curto prazo. “A natureza é sábia, os insetos sentem as mudanças de tempo” acrescentou Marle. Para o presidente da Aesa, João Vicente Machado Sobrinho, é importante relacionar a climatologia com os ditos populares, registrando os anúncios feitos pelos profetas e observando cientificamente o comportamento das chuvas na Paraíba. “A cultura popular não pode ser desprezada. Cabe aos cientistas associar os estudos acadêmicos com esta sabedoria do homem do campo que muitas vezes está baseada em conhecimentos milenares”, avaliou.